Antidepressivo ajuda a aliviar a dor da quimioterapia, define estudo

abril 2, 2013
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Duloxetina reduz a neuropatia dolorosa na maioria dos pacientes

ANN ARBOR, Michigan — O antidepressivo duloxetina, conhecido comercialmente como cymbalta, ajudou a aliviar a dor, a dormência e o formigamento causados pela quimioterapia em 59 por cento dos pacientes, segundo a descoberta de um novo estudo. Este é o primeiro ensaio clínico para encontrar um tratamento eficaz para essa dor.

A neuropatia periférica induzida por quimioterapia é um efeito colateral comum provocado por certas drogas de quimioterapia. A sensação de dormência ou formigamento – geralmente sentidos nos dedos, pés, dedos e mãos – pode ser desconfortável para muitos pacientes, mas para até 40 por cento dos pacientes, é uma sensação dolorosa que pode durar meses ou anos após o término da quimioterapia. Estudos anteriores não descobriram nenhuma maneira confiável para tratar este tipo de dor.

No atual estudo, publicado no dia 3 de abril no Jornal da Associação Americana de Medicina, os pesquisadores analisaram 231 pacientes que relataram neuropatia dolorosa após receber as drogas de quimioterapia paclitaxel ou oxaliplatina. Os pacientes foram escolhidos aleatoriamente para receber a duloxetina ou placebo durante cinco semanas. Eles foram convidados a relatar sobre seus níveis de dor semanalmente ao longo do estudo.

Os pesquisadores descobriram que 59 por cento dos pacientes que tomaram a duloxetina relataram uma redução na dor, enquanto apenas 38 por cento das pessoas que tomaram placebo sentiram a diminuição da dor. No final de cinco semanas, pacientes do grupo de duloxetina relataram uma maior diminuição da dor média – mais do que um ponto cheio em uma escala de 10 pontos. O grupo que ingeriu placebo relatou uma mudança na pontuação de 0.3. Os pacientes que receberam oxaliplatina tiveram um benefício mais forte da duloxetina.

“O tratamento da dolorosa neuropatia periférica induzida por quimioterapia é fundamental. Em alguns casos, os médicos devem reduzir a dose de quimioterapia do paciente quando a dor se torna muito severa. Não se trata apenas de melhorar a qualidade de vida diminuindo a dor, mas potencialmente também está ajudando os pacientes a viverem mais tempo porque eles podem obter o tratamento completo de quimioterapia,” disse autora líder do estudo, a pH.d. Ellen M. Lavoie Smith, professora assistente da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan e pesquisadora do Centro Compreensivo de Câncer da U-M.

Muitas vezes, os pacientes evitam falar sobre dor com seus médicos porque não querem sua dose de quimioterapia reduzida.

“As vezes, os pacientes fazem esta ‘troca’: eles não querem desistir da quimioterapia e decidem que preferem sentir essa dor. É uma terrível troca a ser feita”, diz Smith.

Além de diminuir a dor, os pacientes tratados com a duloxetina relataram uma melhora na qualidade de vida e um impacto menor na rotina do dia a dia, do que o grupo que tomou placebo.

Esse estudo foi patrocinado pelo Grupo B Câncer e Leucemia, um grupo cooperativo patrocinado pelo Instituto Nacional do Câncer. Pacientes foram recrutados de oito grupos participantes da comunidade e do sistema acadêmico.

Anteriormente, a duloxetina foi usada para ajudar a aliviar a dor da neuropatia diabética e da fibromialgia. Acredita-se que este tipo de antidepressivo funcione para a dor, porque aumenta os neurotransmissores que interrompem os sinais de dor para o cérebro.

Neste estudo, na primeira semana, os participantes receberam meia dose de duloxetina – 30 miligramas por dia – antes de aumentarem para uma dose total de 60 mg, diariamente por quatro semanas. Poucos efeitos colaterais graves foram relatados com esta abordagem. O efeito colateral mais comum foi a fadiga.