Querida tia Ruth

junho 4, 2013
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Ruth Buchanan. Imagem cedida por: Bentley Biblioteca HistóricaRuth Buchanan. Imagem cedida por: Bentley Biblioteca HistóricaLogo após anoitecer durante a II Guerra Mundial, Ruth Buchanan deixava o seu local de trabalho na Universidade de Michigan e voltava para casa para seu segundo emprego.

Foram milhares e com a precisão de um relógio, Buchanan escreveu para estudantes, professores, funcionários e alunos da U-M servindo na guerra. Ela enviou cartas, cartões e cópias do jornal The Michigan Daily. Se eles estavam em postos nos Estados Unidos, se recuperando em hospitais, ou em ação na Europa e no Pacífico, os alunos poderiam esperar receber notícias sobre Ann Arbor enviadas por Buchanan.

O número de suas correspondências foi surpreendente: 17.828 cartas, 6.952 cartões de aniversário; 7.398 cartões desejando melhoras. Durante a guerra, ela enviou mais de 57.000 cópias do The Daily a militares e mulheres com laços com a U-M.

As respostas deles foram dramáticas e faz parte de uma das mais ricas coleções de correspondência em tempo de guerra do país. Arquivados na Biblioteca Histórica Bentley, as correspondências de Ruth B. Buchanan permitem uma compreensão da mentalidade dos alunos da U-M sobre todos os aspectos da guerra: camaradagem, perda, tédio, choque de cultura e um profundo desejo de voltar para a casa.

Em particular, as reminiscências dos estudantes da U-M e de Ann Arbor carregam temas que ressoam nas gerações de ex-alunos da U-M.

“Meu desejo era poder estar de volta à escola neste exato momento. A primavera em Ann Arbor é o destaque da temporada para mim,” escreveu Jim Baird, que interrompeu seus estudos em 1944 para se unir à Marinha, de “algum lugar no Pacífico.”

“Eu imagino que o campus está agora cheio de meninas. É certamente diferente do que era em tempo de paz. Eu imagino como seria se a guerra não estivesse acontecendo? Eu acho que também haveriam muitas meninas como há agora.”

Independentemente do papel timbrado ou do endereço de retorno, as cartas dos estudantes carregam uma saudação consistente: “Querida tia Ruth.” Divorciada com três enteados adultos, que obtiveram diplomas da U-M, Buchanan considerava os alunos parte de sua família. Ela os via como sobrinhas e sobrinhos e solicitou que eles a chamassem de tia Ruth. Milhares deles faziam em agradecimento.

O então presidente da U-M, Alexander Ruthven, chamava o trabalho de Buchanan de “um registro notável de correspondência”. Dois ícones dos tempos de guerra — General Dwight D. Eisenhower e o Almirante Chester Nimitz — elogiaram o apoio dela às tropas dos EUA.

Buchanan era uma modesta mas dedicada recepcionista do Museu de Exposição, e a maioria dos alunos-soldados não tinha idéia de quem ela era quando as suas cartas chegaram. Mas eles eram gratos que alguém de Ann Arbor estava chegando até eles, e em troca eles enviavam pilhas de cartas à Buchanan.

“Toda noite que eu tinha vários companheiros me esperando em casa para conversar,” disse ao Michigan Daily, em 1944.

Durante a guerra, ela diligentemente acompanhou suas correspondências — e mantinha caixas de cartões com índices lotados de endereços — anotando as informações que constantemente eram alteradas, conforme os estudantes eram enviados para todos os cantos do globo.

“Eu sei um pouco de como você se sente agora quando o carteiro te traz em um lote de cartas,” escreveu Richard C. Emery, um estudante da Escola de Engenharia de 1943 e oficial da Marinha. “Outro dia, eu recebi 26 cartas, todas de uma vez, e certamente isso tornou um dia maravilhoso dentro de tantos outros sem graça. Dá uma nova vida aos meninos aqui quando temos uma correspondência.”

A afeição dos estudantes por Buchanan é abundante em suas cartas. Eles a convidavam para seus casamentos e compartilhavam notícias de promoções, homenagens e corações partidos. Vários enviaram pequenas lembranças — selos militares, cartões postais, moedas estrangeira e fotografias. Outros enviaram notas de dólar para ajudar com os custos de papel e postagem; depois o esforço de Buchanan chamou a atenção da mídia nacional, e as empresas de cartões começaram a fornecer artigos de papelaria para sua campanha. Muitos outros ainda disseram que recebiam mais notícias de Buchanan, do que de suas próprias famílias.

“Eu não podia deixar o Dia das Mães passar sem lhe enviar alguma doçura. … Eu sei que muitos de seus meninos lhe enviaram seu amor neste dia. Bem, eu também quero ser um deles,” escreveu um dos seus mais fiéis correspondentes, o tenente da Marinha Arlie Reagan. Ele se graduou em 1943 e serviu como membro do Batalhão de Construção (CB) da Marinha no Pacific Theatre.

“Tia Ruth, você é uma em um milhão e cada um de nós tem um espaço especial no nosso coração para você e a tudo o que você está fazendo. Suas cartas animadores nunca deixam de apoiar nosso espírito e nos manter caminhando para que possamos finalizar esta coisa no Japão — assim como nossos companheiros de batalha fizeram na Alemanha.”

A Associação Emblem of Honor (Emblema de Honra), que geralmente reconhece mulheres com quatro ou mais filhos nas Forças Armadas, premiou Buchanan com seu cobiçado broche Emblem of Honor. “Depois de verificar milhares de casos daqueles que estão se correspondendo com os meninos das Forças Armadas, descobrimos que, como um indivíduo, a Sra. Buchanan supera qualquer outra mulher no país.” Buchanan usava regularmente o broche sobre o coração dela.

“Quando a guerra começou eu queria ajudar,” ela disse uma vez em uma estação de rádio de Ann Arbor. “Mas estava difícil encontrar como eu poderia. Eu estou aqui no Museu seis dias e meio por semana. Eu não podia ir para a Cruz Vermelha, por exemplo, então eu fiz isso como alternativa. Resolvi escrever para talvez 25 meninos. No final foram quase 2.200.”