Pesquisador da U-M e seus colaboradores preveem possível recorde na “zona da morte” do Golfo do México

junho 19, 2013
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Escoamento de terra contendo fertilizantes e resíduos de animais, alguns vindos de tão longe como o Cinturão do Milho, é a principal fonte de nitrogênio e fósforo que causam a zona da morte anual do Golfo do México. Crédito da imagem: Donald ScaviaEscoamento de terra contendo fertilizantes e resíduos de animais, alguns vindos de tão longe como o Cinturão do Milho, é a principal fonte de nitrogênio e fósforo que causam a zona da morte anual do Golfo do México. Crédito da imagem: Donald ScaviaANN ARBOR—As inundações de primavera em toda a região centro-oeste devem contribuir para um grande e potencial recorde na “zona da morte,” do Golfo do México 2013, de acordo com um ecologista da Universidade de Michigan e seus colaboradores, que divulgaram a previsão anual nesta terça-feira (18), juntamente com uma para a Baía de Chesapeake.

A previsão para o Golfo, um das duas anunciadas pela “National Oceanic and Atmospheric Administration”, chama a atenção para a privação de oxigênio ou hipóxia, em uma região de entre 7.286 e 8.561 milhas quadradas, que a colocaria entre as 10 maiores registradas.

A variação mínima da previsão está bem acima da média a longo prazo e seria, mais ou menos, o equivalente ao tamanho de Connecticut, Rhode Island e o Distrito de Columbia juntos. A máxima excederia a maior área já registrada (8.481 milhas quadradas, em 2002) e seria comparável em tamanho a New Jersey.

O escoamento de terra contendo fertilizantes e resíduos de animais, alguns vindos de tão longe como o Corn Belt (Cinturão do Milho), é a principal fonte de nitrogênio e fósforo que causam a zona hipóxica anual do Golfo do México. Em seus planos de ação de 2001 e 2008, a força tarefa do Mississippi River/Gulf of Mexico Watershed Nutrient, uma coligação de agências federais, estaduais e tribais, fixou uma meta de redução da área de extensão, média de 5 anos, da zona hipóxica do Golfo para 5.000 quilômetros quadrados (1.950 milhas quadradas) até 2015.

Foram feitos pequenos progressos em direção a esse objetivo. Desde 1995, a Zona da Morte do Golfo tem mantido uma média de 5.960 milhas quadradas, uma área aproximadamente do tamanho de Connecticut.

“O tamanho da Zona da Morte do Golfo aumenta ou diminui dependendo dos padrões climáticos de determinado ano. Mas a verdade é que nunca atingiremos a meta do plano de ação de 1.950 milhas quadradas, até que ações mais sérias sejam tomadas para reduzir a perda de fertilizantes do meio-oeste para o sistema do Rio Mississippi, independentemente do clima,” disse o Ecologista Aquático da U-M, Donald Scavia, diretor do Instituto de Sustentabilidade Graham, que contribui para as previsões do Golfo e da Baía de Chesapeake.

Este ano, a previsão da Baía de Chesapeake atenta para uma zona da morte menor do que a média, no maior estuário do país. A previsão dos pesquisadores da Scavia e da Universidade de Maryland tem três partes: uma previsão para o volume da zona hipóxica de baixo oxigênio para a metade do verão, uma para a zona anóxica sem oxigênio na metade do verão e uma terceira que é um valor médio para o verão inteiro.

A previsão aposta em uma zona hipóxica de 1,46 milhas cúbicas na metade do verão, uma zona anóxica de 0,26 a 0,38 milhas cúbicas também na metade do verão e uma hipoxia de 1,108 milhas cúbicas em todo o verão, sendo que todos números estão dentro dos índices mínimos das previsões das zonas da morte registradas anteriormente. No ano passado, a zona hipóxica da metade do verão foi de 1,45 milhas cúbicas. Devido à rasa profundidade de grande parte do estuário, a previsão se concentra no volume de água, expresso em milhas cúbicas em vez de área de superfície em milhas quadradas.

A previsão anual do Golfo é preparada por pesquisadores da U-M, da Universidade Estadual de Louisiana e pelo Consórcio das Universidades da Marinha de Louisiana. A previsão de Baía é fornecida pela U-M e pelo Centro de Ciências Ambientais da Universidade de Maryland. Ambos os estudos são financiados pela NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional).

As previsões se baseiam no escoamento de nutrientes e nos dados dos rios e riachos da U.S. Geological Survey, que são então inseridas em programas de computador, desenvolvidos com financiamento dos centros nacionais do NOAA para a Ciência Costeira e Oceânica.

“Monitorar a saúde e a vitalidade dos oceanos da nossa nação, dos canais e das bacias hidrográficas é fundamental, enquanto nós trabalhamos para preservar e proteger os ecossistemas costeiros,” disse Kathryn D. Sullivan, que atua como Subsecretária de Comércio para Oceanos e Atmosfera e Administradora Interina da NOAA. “Estas previsões ecológicas são bons exemplos dos produtos de inteligência crítica ambiental e das ferramentas que ajudam modelar uma costa mais saudável, que é tão indissociável para a vitalidade das nossas comunidades e dos nossos meios de subsistência”.

As inundações alagaram grande parte do meio-oeste nesta primavera. Vários estados, incluindo Minnesota, Wisconsin, Illinois e Iowa tiveram uma primavera que foi classificada entre as 10 mais úmidas registradas. Iowa também teve sua primavera mais úmida, com 17,61 polegadas de precipitação, de acordo com o Centro Nacional de Dados Climáticos.

Escoamentos ricos em nutrientes desses estados agrícolas acabam no Rio Mississippi e eventualmente fazem o seu caminho até o Golfo. A quantidade de nitrogênio que entra no Golfo do México a cada primavera tem aumentado em cerca de 300 por cento desde a década de 1960, principalmente devido a um maior escoamento agrícola.

De acordo com estimativas da U.S. Geological Survey, 153.000 toneladas métricas de nutrientes desceram os rios Mississippi e Atchafalaya, para o Golfo do Norte em maio de 2013, um aumento de 94.900 toneladas métricas, superior ao que aconteceu ao longo do ano passado com uma seca de 58.100 toneladas métricas. A entrada de 2013 é 16 por cento maior que a carga de nutriente média estimada nos últimos 34 anos.

No Golfo e na Baía, as águas ricas em nutrientes estimulam um grande florescimento de algas. Quando as algas morrem e afundam, as bactérias que habitam o fundo do mar decompõem a matéria orgânica, consumindo oxigênio no processo. O resultado é uma baixa de oxigênio (hipóxico) ou isenção de oxigênio (anóxica) nas regiões mais profundas ou próximas ao fundo das águas: a zona da morte.

Os peixes e mariscos deixam as águas com isenção de oxigênio ou morrem, resultando em perdas para as pescas comercial e desportiva. No Golfo, o valor da doca de pesca comercial foi de 629 milhões em 2009, e quase 3 milhões de pescadores recreativos contribuiram com mais de 1 bilhão para a economia da região.

As zonas da morte da Baía de Chesapeake, que foram altamente variáveis nos recentes anos, ameaçam o esforço de vários anos de restaurar a qualidade da água da Baía e de aumentar sua produção de caranguejos, ostras e outros pescados. O Geological Survey estima que 36.600 toneladas métricas de nitrogênio entraram no estuário vindas dos rios Susquehanna e Potomac de janeiro a maio, o que está 30 por cento abaixo dos carregamentos médios estimados entre 1990 e 2013.

A medição final da Baía Chesapeake será distribuida em outubro, na próxima pesquisa do Departamento de Recursos Naturais de Maryland e do Departamento de Qualidade Ambiental de Virgínia.

A estimativa do Golfo de 2013 se baseia no pressuposto de tempestades tropicais não significativas nas duas semanas anteriores ou durante a medição oficial da pesquisa dos cruzeiros, que vão acontecer de 25 de julho a 3 de agosto. Se ocorrer uma tempestade, o tamanho da estimativa poderia cair para um índice inferior a 5.344 milhas quadradas, área um pouco menor do que Connecticut.

No ano passado, a zona de morte do Golfo foi a quarta menor registrada, devido as condições de seca, e cobriu cerca de 2.889 milhas quadradas, uma área ligeiramente maior do que a de Delaware.