Infecção da influenza aumenta em 100 vezes a probabilidade de pneumonia bacteriana, descobre estudo da Universidade de Michigan

julho 5, 2013
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Ilustração de um vírus da gripe. (banco)ANN ARBOR—Por mais de dois séculos, se sabe que os casos de pneumonia aumentam durante as epidemias de gripe.

Mas os estudos epidemiológicos de nível populacional, avaliando os padrões sazonais da gripe e a incidência da pneumonia pneumocócica, revelaram uma modesta associação ou não conseguiram identificar qualquer interação entre as duas.

Aparentemente, estas observações inconsistentes em escalas pessoal e populacional têm intrigado as autoridades da saúde pública. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Michigan e seus colaboradores tem usado uma nova abordagem, em que eles dizem resolver a dicotomia e mostram que a infecção da gripe aumenta em 100 vezes, a suscetibilidade para o pneumococo, a causa bacteriana mais comum da pneumonia.

Uma caracterização precisa da interação da gripe-pneumocócica pode levar a cuidados clínicos e medidas de saúde pública mais eficazes, incluindo a preparação para uma pandemia da gripe influenza, de acordo com os autores.

“Os resultados sobre a natureza da interação entre a influenza e a pneumonia pneumocócica foram inequívocos em nosso estudo,” disse o Ecologista e Epidemiologista da U-M Pejman Rohani, autor sênior do estudo programado para ser publicado on-line no Science Translational Medicine, dia 26 de junho. “Simplificando, nossas análises identificaram uma vida curta mas significativa — cerca de 100 vezes – do aumento do risco da pneumonia pneumocócica, após a infecção da gripe.”

Rohani e seus colaboradores criaram um modelo de computador de transmissão da pneumonia pneumocócica, que analisou várias hipóteses sobre os efeitos potenciais de uma infecção prévia da gripe. Desafiando o modelo com dados de relatórios epidemiológicos — registros semanais da influenza e internações de pacientes com pneumonia pneumocócica em Illinois, entre 1989 e 2009, eles foram capazes de classificar a probabilidade de cada hipótese.

A hipótese de impacto de suscetibilidade foi a vencedora evidente. Ela propõem que os indivíduos infectados com a influenza são mais suscetíveis à pneumonia pneumocócica. O aumento da suscetibilidade à pneumonia dura até uma semana após a infecção pela gripe.

Os pesquisadores também olharam para a fração de casos de pneumonia que pode ser atribuída à interação com a influenza. Eles descobriram que, durante o pico da temporada de gripe, a interação com o vírus da influenza foi responsável por até 40 por cento dos casos pneumocócicas. Mas em uma base anual, a fração foi entre 2 por cento e 10 por cento dos casos, uma sinal relativamente sutil que poderia ajudar a explicar por que análises epidemiológicas anteriores não conseguiram detectar a conexão, Rohani e seus colegas concluíram.

“Nós deduzimos modestos impactos de nível populacional, decorrentes dos fortes processos de nível individual, resolvendo assim, a dicotomia nas observações aparentemente inconsistentes entre as escalas,” eles escreveram.

Rohani disse que os resultados sugerem que a melhor maneira de reduzir a incidência de pneumonia bacteriana é incentivar o público a receber as vacinas pneumocócica e da gripe.

A pneumonia é uma infecção dos pulmões, que geralmente é causada por bactérias ou vírus. Globalmente, a pneumonia causa mais mortes do que qualquer outra doença infecciosa. Em 2009, 1,1 milhões de pessoas nos Estados Unidos foram hospitalizadas com pneumonia, e mais de 50.000 pessoas morreram da doença, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Em 1918, pelo menos de 24 por cento das pessoas mortas durante a pandemia da influenza espanhola mostraram sinais de uma infecção de pneumonia bacteriana.

Nos Estados Unidos, a causa bacteriana mais comum da pneumonia é o pneumococo (pneumonia Streptococcus) e as causas virais mais comuns são a influenza, a parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (VSR), de acordo com o CDC.

Rohani é professor de Ecologia e Biologia Evolutiva, professor de Sistemas Complexos e professor de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública. O primeiro autor do estudo do Science Translational Medicine é Sourya Shrestha, um pós-doutorando do Laboratório de Rohani.

Outros autores são Betsy Foxman, da Escola de Saúde Pública da U-M, Daniel M. Weinberger, da Escola de Saúde Pública da Yale University e do Instituto Nacional de Saúde, Claudia Steiner, da Agência dos EUA para a Pesquisa em Saúde e Qualidade, e Cecile Viboud, do Instituto Nacional de Saúde.

O financiamento foi fornecido pela Fundação Bill e Melinda Gates (Vaccine Modeling Initiative), pelo Departamento de Segurança Interna, pelo Centro Internacional Fogarty e pelo Instituto Nacional de Saúde.