Dobra desigualdade de riqueza entre as famílias dos EUA

junho 24, 2014
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ANN ARBOR — A desigualdade de riqueza entre as famílias norte-americanas praticamente dobrou entre 2003 e 2013, de acordo com uma nova análise de pesquisadores da Universidade de Michigan.

“As famílias americanas experimentaram perdas significativas de riqueza durante a ‘Grande Recessão,’ e estas perdas foram distribuídas muito desigualmente,’ disse Fabian Pfeffer, professor assistente de pesquisa no Instituto para Pesquisa Social da U-M.

Em 2003, as famílias que estavam no topo da lista de riqueza, os top 5%, tinham uma fortuna 13 vezes maior do que uma família de classe média, de acordo com a análise. Em 2013, esta lacuna quase dobrou, e essas famílias são agora 24 vezes mais ricas.

Enquanto as famílias no topo da lista perderam grande parte da riqueza durante a recessão, os que estavam na parte inferior dessa lista de distribuição da riqueza perderam a maior parte de sua fortuna.

Pfeffer e seus colaboradores da UM, Sheldon Danziger e Robert Schoeni, analisaram dados nacionalmente representados, de um “Painel de Estudos da Dinâmica de Rendimentos” (Panel Study of Income Dynamics), que inclui dados detalhados sobre o bem-estar econômico das famílias dos EUA, incluindo sua riqueza financeira, riqueza imobiliária e dívidas.

Antecedendo a ‘Grande Recessão’, as famílias que estavam no meio da lista de distribuição de riqueza aumentaram seu patrimônio (soma de todos os ativos menos as dívidas) de aproximadamente US$ 88.000,00 em 2003 para US$ 99.000,00 em 2007, segundo os pesquisadores. Mas o aumento de patrimônio entre as famílias que estavam acima da classe média foi substancialmente maior. O patrimônio líquido entre famílias que ocupavam a 75˚ posição no ranking aumentou em torno de US$ 65.000,00 por exemplo e em mais de US$ 436.000,00 entre aqueles na 95˚ colocação.

Após a “Grande Recessão,” a riqueza diminuiu em todos os pontos de distribuição. Mas até 2013, a riqueza entre as famílias que ocupavam a 95˚ colocação ou acima ainda era maior do que em 2003. Em contraste, nos pontos inferiores da distribuição da riqueza, o patrimônio líquido foi menor do que em 2003. Na verdade, até 2013, o patrimônio líquido de um típico americano era 20 por cento inferior do que era em meados da década de 1980.

“Enquanto os preços das ações se recuperaram relativamente rápido após o colapso de 2007, não foi o que aconteceu com os preços das casas,” disse Pfeffer.

Isto contribuiu para o aumento da desigualdade de riqueza, uma vez que as famílias mais ricas têm, tipicamente, mais investimentos em ações do que no mercado imobiliário.

“A economia americana tem experimentado crescentes desigualdades de distribuição de renda e riqueza por várias décadas, e há pouca evidência de que estas tendências estão propensas a serem revertidas à curto prazo,” disse Pfeffer. “É possível que a lenta recuperação da “Grande Recessão” continuará a gerar maior desigualdade de riqueza nos próximos anos, considerando que aqueles que foram mais prejudicados ainda podem estar precisando usar os poucos bens que lhes restaram para cobrir o consumo atual e o mercado imobiliário, que continua a crescer em ritmo modesto.”

 

O estudo, “Wealth Levels, Wealth Inequality and the Great Recession,” foi publicado pela Fundação Russell Sage e pelo Centro sobre Desigualdade e Pobreza, de Stanford, no link
http://stanford.io/T39Lxz.