Estudo encontra equívocos e dúvidas sobre o impacto da dupla mastectomia

junho 4, 2015
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Maioria das pacientes de câncer de mama não sabia que o procedimento agressivo não aumentava o índice de sobrevivência

Cupped hands holding a pink ribbon. (stock image)ANN ARBOR, Michigan — Uma pesquisa com mulheres com câncer de mama constatou que quase metade delas consideraram passar por dupla mastectomia. Mas daquelas que cogitaram a cirurgia, apenas 37% sabiam que o procedimento mais agressivo não ampliaria a sobrevivência para mulheres com câncer de mama.

Entre as mulheres que receberam a dupla mastectomia, 36% acreditavam que teriam mais chances de sobrevivência. Estudos têm mostrado que para as mulheres em risco médio de um segundo câncer, remover a mama não afetada não significa aumentar o índice de sobrevivência.

O estudo que foi apresentado no encontro anual da American Society of Clinical Oncology ouviu 1.949 mulheres que tinham sido tratadas por câncer de mama. Cerca de 20% das mulheres que participaram da pesquisa tiveram ambos os seios removidos, um procedimento chamado mastectomia profilática contralateral. Mesmo entre as pacientes sem mutação genética ou histórico familiar que pode colocá-las em risco de desenvolver câncer na outra mama, 19% passaram pela dupla mastectomia.

“Nossa conclusão de que tantas mulheres estão passando por uma cirurgia “mais extensa” do que é necessário para tratar sua doença é impressionante. Mulheres diagnosticadas com câncer de mama ficam naturalmente ansiosas e fazem de tudo ao seu alcance para lutar contra a doença. Então muitas das minhas pacientes me dizem que elas querem fazer tudo o que podem só para estarem lá para os seus filhos. Cabe a nós, como médicos, nos certificarmos de que elas entendam quais tratamentos vão realmente beneficiá-las, e quais ações podem parecer heróicas, mas na verdade não vão melhorar os resultados para uma típica mulher com câncer de mama em estágio precoce,”diz a autora do estudo, a médica Reshma Jagsi, professora adjunta de Radiação Oncológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan.

As recomendações do cirurgião – ou as percepções das recomendações do cirurgião – desempenharam um grande papel. Apenas 4% das mulheres que não tiveram recomendação do seu cirurgião para fazer a dupla mastectomia passaram pelo procedimento. Mas 59% das mulheres que entenderam que o cirurgião apoiava o procedimento passaram pela dupla mastectomia.

“Os pacientes estão tendo percepções que realmente necessitam de ajustes. Os médicos precisam resolver esse problema de desinformação. As mulheres têm que entender tudo sobre a mastectomia profilática contralateral, além de compreenderem exatamente o que os cirurgiões estão dizendo a elas,” diz o também autor do estudo, o médico Steven J. Katz, professor de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da U-M.