Troca de experiências entre Brasil e Estados Unidos estreita laços na medicina

setembro 11, 2015
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Bill Mallett, em operação contra o mosquito da dengue em São Paulo.Bill Mallett, em operação contra o mosquito da dengue em São Paulo.O estudante e futuro médico Bill Mallett acabou de voltar do Brasil depois de oito semanas de intercâmbio na Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo (FMUSP), em São Paulo. Além de ter se aperfeiçoado em saborear a tradicional picanha, lidar com o trânsito da capital, apreciar a MPB, e de ter sido, mais uma vez, muito bem acolhido pelo povo brasileiro, ele garante: voltou para Ann Arbor um médico mais humanizado e um melhor profissional.

Nos dois meses que ficou em São Paulo, participou de diferentes projetos envolvendo pesquisas teóricas, entrevistas com agentes comunitários e visitas às Unidades Básicas de Saúde, para aprender como funciona o Sistema Único da Saúde, além de contato direto com pacientes e mulheres carentes com graves problemas de saúde.

“A experiência no Brasil me ensinou que talvez as maiores e mais profundas questões da medicina não sejam fisiológicas, mas sim ligadas às interações humanas, a como lidar com as outras pessoas,” disse Mallett. “O estado da mente influencia no bem-estar do corpo inteiro e nas suas percepções sobre as diferenças sociais e culturais. Além disso, a personalidade da pessoa pode mudar completamente suas interações e até sua saúde.

Apresentação do Diretor da CRInt da FMUSP, Prof. Aluísio Segurado, durante sua visita recente à UMMS, em julho de 2015Apresentação do Diretor da CRInt da FMUSP, Prof. Aluísio Segurado, durante sua visita recente à UMMS, em julho de 2015Mallett foi um dos cinco alunos da Faculdade de Medicina da U-M (UMMS) selecionados este ano pelo Global REACH para participar do programa Faculty-Led International Experiences. Desde 2012, quando a Plataforma Brasil foi criada, em média cinco alunos brasileiros de medicina vêm para os Estados Unidos e cinco americanos vão para o Brasil a cada ano, para troca de experiências e enriquecimento profissional e acadêmico.

“Queremos formar uma nova geração de profissionais que estejam prontos para encarar desafios de saúde global,” afirmou Aluísio Cotrim Segurado, Presidente da CRInt – Comissão de Relações Internacionais da FMUSP. “Nós valorizamos a integração internacional e estamos certos de que tanto os alunos da FMUSP quanto os da UMMS estão sendo beneficiados. Queremos expandir nossas parcerias para termos, no futuro, médicos mais completos e atentos ao humanismo na medicina.”

Vários departamentos da UMMS têm projetos com o Brasil atualmente, entre eles: Cardiologia, Endocrinologia, Fisiologia, Ginecologia, Cirurgia Plástica e Oftalmologia. O Kellogg Eye Center (KEC), por exemplo, tem colaboração com o programa de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo há alguns anos e já recebeu vários cientistas de lá na área de córnea. Agora, o KEC estabeleceu uma parceria com o Departamento de Oftalmologia da FMUSP e recebeu, neste verão, a visita da primeira residente brasileira, Amanda Sanchez, que por um mês acompanhou a equipe de Cirurgia Plástica Ocular da UMMS.

Pesquisas multidisciplinares envolvendo universidades brasileiras e o corpo docente da U-M vêm sendo financiadas e estimuladas tanto pelo Global REACH quanto pela Brazil Initiative, do Centro de Estudos da América Latina e Caribe (LACS).

Profs. José Otávio Auler (FMUSP), Denise Tate (UMMS), Aluísio Segurado (FMUSP), Marcos Montagnini (UMMS) e Edmundo Baracat (FMUSP), também em julho de 2015Profs. José Otávio Auler (FMUSP), Denise Tate (UMMS), Aluísio Segurado (FMUSP), Marcos Montagnini (UMMS) e Edmundo Baracat (FMUSP), também em julho de 2015“Nós encontramos em Michigan reciprocidade em educação, pesquisa e inovação. Queremos aumentar a presença dos estudantes de Michigan na FMUSP, além de fortalecer a interação de professores e pesquisadores,” disse o presidente da Comissão de Graduação da FMUPS, Edmund Chada Baracat.

Atento ao envelhecimento da população do Brasil e à falta de conhecimento da Medicina Paliativa por lá, o médico brasileiro, Professor Titular em Geriatria e Medicina Paliativa e diretor do programa de Residência Médica da U-M, Marcos Montagnini, acaba de firmar um acordo formal entre sua unidade e as divisões de Geriatria, Clínica Médica e Neurocirurgia da USP. “Estamos ansiosos para receber um residente brasileiro. São muitos os pacientes com doenças avançadas, sem possibilidades de cura, que podem se beneficiar com nosso trabalho,” disse.

Montagnini explicou que apenas os grandes centros do país oferecem alguns programas de medicina paliativa, mas mesmo assim, ainda não existe o reconhecimento da área, além de haver muita desinformação.

“O que queremos é melhorar a qualidade de vida do paciente, diminuir o nível de sofrimento e dar suporte à família. Nós os tratamos de uma forma completa: cuidamos dos sintomas físicos, da parte emocional e espiritual, para que vivam o tempo que ainda tem em plenitude,” disse. “Precisamos preparar a nova geração de profissionais de saúde tanto aqui nos Estados Unidos, quanto no Brasil para a abordagem paliativa, que é fundamental ao cuidado do paciente.”

Enquanto o processo para encontrar o primeiro residente brasileiro para integrar o time da Medicina Paliativa da UMMS caminha, o estudante Bill Mallett, que também participou da primeira edição da Escola Medica de Inverno oferecida pela FMUSP neste verão, mal desfez as malas e já tem planos para voltar ao Brasil.

“Me sinto tão grato de poder ter ido para lá, de ter aprendido como tratar tanto da alma quanto do corpo de um paciente, em vez de focalizar somente nos processos de patologia. Estou super animado por ter a oportunidade de continuar trabalhando nos projetos que começamos, e realmente, não vejo a hora de voltar ao Brasil para aprender ainda mais,” disse.