Em busca do robô que pensa e age sozinho. E sem as falhas humanas

setembro 24, 2015
Contact:
  • umichnews@umich.edu

Olhos atentos a cada movimento do robô instalado no submarino do Laboratório Perl, da U-M. Fascinado pela possibilidade de descobrir uma forma eficaz de ensinar um robô a pensar, o brasileiro e mestrando em Robótica, Vittorio Bichucher, está imerso em uma pesquisa sobre inteligência e percepção artificial.

Nascido em Fortaleza, o estudante, de apenas 22 anos, faz parte de um time de pesquisadores da Escola de Engenharia que trabalha para ajudar os robôs a criarem uma percepção do mundo, em diferentes campos: visão, audição, integração sensorial, tato, cognição, entre outros.

“Não é nada fácil. É como uma árvore, você resolve um problema e aparece outro. Temos que aprender, principalmente, onde ele falha para avançarmos,” disse. “O robô de um carro autônomo, por exemplo, aprende a desviar de qualquer objeto que se locomove. Mas e se ele se deparar com um cachorro e um humano, qual ele escolhe? São muitos obstáculos diferentes e há muito trabalho pela frente.”

A proximidade da sua cidade natal com o Oceano Atlântico, ter passado a infância rodeado por 15 praias e 34 quilômetros de litoral e estar constantemente velejando e surfando influenciaram na escolha do curso universitário. Vittorio se formou em Arquitetura e Engenharia Naval em Michigan, agora faz mestrado em Robótica e seu grande interesse é a percepção de veículos subaquáticos autônomos.

“Sempre estive em contato com o mar, então eu queria aprender a projetar barcos à vela. Michigan tinha o melhor programa em Engenharia Naval. Passei alguns anos me preparando, fiz dois semestres do curso em uma universidade americana menor e depois fui aceito na U-M,” contou.

O interesse em fazer parte das mudanças revolucionárias no campo de robótica justifica a distância da beleza das praias cearenses e da família. “Tenho muitos sonhos. Aqui em Michigan, quero desenvolver minhas ideias e transformá-las em negócios e inovação. Quero poder ajudar as pessoas a terem em casa, robôs que sabem pensar e podem ajudar nas atividades do dia a dia, com segurança e eficiência.”

Para concretizar esses sonhos e se realizar profissionalmente, o estudante garante que não poderia estar em um lugar melhor. Com muitas ferramentas, o laboratório Perl, onde trabalha, tem dois carros autônomos, submarinos, drones, computadores de última geração e sensores, além de outros equipamentos que facilitam a pesquisa diária e os testes.

“Além da parte prática, que é ter um laboratório bem equipado, temos aqui apoio psicológico e muito incentivo para sempre irmos além. Eu tenho liberdade para testar os algarismos que eu quero, quando eu quero e na plataforma que eu quero,” disse.

O brasileiro falou também da importância em estudar negócios e empreendedorismo, tópicos relevantes no seu curso na U-M. “E temos muito contato com empresas de grande porte, de diversas áreas. Assim, conseguir um estágio ou um trabalho fica muito mais fácil e acessível.”

CARRO AUTÔNOMO
Apesar de estar mais envolvido no desenvolvimento de tecnologias de percepção para veículos subaquáticos, Vittorio também colabora no projeto que estuda a próxima geração de carros autônomos. A equipe ensina ao veículo a criar uma percepção do mundo, para que ele consiga entender e compreender tudo que o rodeia.

“Em um futuro próximo, (em torno de 10 anos para ele, que se considera um pessimista) queremos que uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, possa ir até um hospital sem depender de ninguém. Sei que estamos no caminho certo, mas ainda temos que vencer muitos desafios. Nada que Michigan não esteja nos ensinando,” explicou.