Cientistas brasileiros aprendem processo de edição genética

março 14, 2017
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Estudantes de duas universidades brasileiras passam tempo na Michigan Medicine para conhecer as últimas técnicas de modificação genética

A professora associada de Fisiologia Molecular e Integrativa Carol Elias (à esquerda) e o diretor do Núcl​​eo de Modelos de Animais Transgênicos da U-M, Thom Saunders (centro), organizaram treinamento em Michigan para que os colegas brasileiros aprendessem as últimas técnicas de edição de genes do CRISPR.A professora associada de Fisiologia Molecular e Integrativa Carol Elias (à esquerda) e o diretor do Núcl​​eo de Modelos de Animais Transgênicos da U-M, Thom Saunders (centro), organizaram treinamento em Michigan para que os colegas brasileiros aprendessem as últimas técnicas de edição de genes do CRISPR.ANN ARBOR—O CRISPR, um método de edição de genes, rápido e barato, está ajudando os pesquisadores a criarem modelos de camundongos que facilitam o estudo de uma variedade de doenças e reúne características que surpreendem até mesmo os biologistas mais experientes. Em resumo, o sistema permite eliminar partes indesejadas do genoma – que causam doenças – e, se necessário, inserir novas sequências no local.

Cientistas brasileiros já trabalham com o sistema e querem aprender mais, conhecer o que há de ponta no mercado. Por isso, uma nova colaboração com pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade de Campinas, e da Escola de Medicina da UM, para desenvolver camundongos geneticamente modificados utilizando o sistema CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Inter Espaçadas.

“Nós hospedamos o que chamo de um super intenso “boot camp” de genética de camundongos a cada três meses”, disse Thom Saunders, professor associado do Departamento de Medicina Interna e diretor do Núcleo de Modelos de Animais Transgênicos da U-M. “Existem pessoas de todo o mundo trabalhando para desenvolver essa nova técnica. A idéia é ter profissionais bem treinados para que possam carregar essas novas habilidades de volta para casa.”

O projeto, financiado pela Fundação de Pesquisas do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela U-M, foi organizado pela professora de Fisiologia Molecular e Integrativa, Carol Elias. Ela é brasileira e ex-pesquisadora da Universidade de São Paulo.

“Meus colegas no Brasil já estão usando o sistema CRISPR, mas há desafios”, disse Elias. “Na U-M, temos instalações centrais que se concentram exclusivamente neste trabalho. Então conversei com o Dr. Saunders sobre a possibilidade dessa parceria e ele aderiu a ideia. É incrível como as pessoas estão dispostas a colaborar aqui. “

Elias e Saunders são os líderes do projeto da Escola de Medicina da U-M. Entre os colaboradores brasileiros estão Marcos Torsoni, professor assistente de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas e Lucila Elias, professora associada de Fisiologia, da USP-Ribeirão.

O subsídio está ajudando no pagamento da viagem de duas equipes brasileiras ao Núcleo de Modelos de Animais Transgênicos, para um curso intensivo de curta duração, do CRISPR. O primeiro grupo participou do treinamento em fevereiro, um segundo é esperado para ainda este ano, e Elias e Saunders vão viajar para o Brasil no próximo ano para verificar o progresso dos pesquisadores na implementação da técnica em seus próprios laboratórios.

Todos os investigadores têm interesses científicos diferentes – reprodução, homeostase energética, doenças metabólicas, câncer, etc. -, mas a tecnologia CRISPR, que permite aos cientistas alvejar e alterar áreas específicas do genoma, pode ser aplicada para estudar as causas genéticas subjacentes de praticamente qualquer doença.

O pesquisador da Unicamp, Fernando Simabuco, um dos primeiros a completar o treinamento, estuda o câncer e outras doenças do homem utilizando linhas celulares humanas. Ele espera agora dar continuidade e desenvolver essa pesquisa utilizando o CRISPR.

“Foi super intenso porque cobrimos tantos tópicos em duas semanas, mas foi realmente muito bom ter essa experiência prática”, disse Simabuco. “Estou animado para voltar ao Brasil e poder experimentar o sistema em meu próprio laboratório.”

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